A partir da crise de 5/12/08:
Sábado (06): vou parar no hospital depois de ter tido uma noite absurdamente alucinante, sem ter conseguido pregar o olho. À tarde, tento dormir e não consigo, acabo surtando. Desesperado, vou ao médico e peço a ele para receitar algo para eu dormir. Resultado: Rivotril, 10 gotas. Tomo 10 gotas diluídas na água. Não adianta. O Pedro me dá 10 gotas na colher. Apago.
Domingo (07): Acordo ás 7h45 da manhã. Completamente aéreo. Um sentimento estranho, um certo estranhamento. Mas ao mesmo tempo sinto um certo alívio na ansiedade. Na hora de dormir, um pouco de tensão. Corro ao Rivotril e tomo 8 gotas. Dá aquela moleza, aquela sensação de "fora do ar" e apago em 15 minutos.
Segunda (08): Acordo umas 5 e pouco da manhã, mas felizmente deu para dormir. Sinto alguns efeitos colaterais (que atribuo ao Rivotril) como descoordenação motora, falta de atenção. À noite estou mais relaxado, tento dormir sem ele mas não consigo: 7 gotas, e novamente para a cama.
Terça (09): Ainda com efeitos colaterais, acordei cedão, algo como seis da manhã. A Cecília me atendeu via skype e comecei a elaborar algumas coisas.... com o Rivotril tendo abaixado a minha ansiedade, me sinto mais em condições de viver a situação atual da mudança do Pedro para cá e como ficarão as coisas.... continuo o tratamento de passes na Comunhão Espírita. Cecília me orienta a procurar outro médico, para orientar o uso do remédio.
Quarta (10): Conversa franca com o Pedro e sobre a nossa situação. Dormindo (mal) por causa do Rivotril. Embora o sono exista, está sendo induzido. Pelo menos estou dormindo um pouco. O clima entre a gente melhora, ele diz que ainda não se sente em casa, não sabe que decisão tomar. Diz que é muita coisa para pensar, já que nas duas semanas embarquei "numa egotrip". Concordei e pedi desculpas. Me senti egoísta. 7 gotas do Rivotril.
Quinta (11): Acordo às 5 da manhã. Me viro, me mexo.... embora mais relaxado, não durmo. Concordo em procurar um neurologista, ou um psiquiatra. Na preparação da Cerimônia do Prêmio estou com a cabeça no Pedro, somente, preocupado com ele. Aliviado com a conversa da quarta, mas preocupado com a possibilidade (medo) de ele não querer ficar. Muito estranho. Saio no meio da cerimônia e vou para casa, ficar com ele. Assistimos um episódio de Pushing Daisies, até dou um cochilo mas não consigo ir para a cama e dormir naturalmente. Mais 7 gotas de Rivotril....
Sexta (12): 4h17 da manhã e estou eu acordado. Fico estressado e coloco mais 3 gotas de Rivotril num pouco de água. Não adianta. Fico em estado relaxado mas não durmo. Aviso o Pedro que vou à Clínica Psiquiátrica que está no plano da Unimed. Chego lá às 8h10. Uma médica que só atende emergências me atende e eu descrevo tudo o que venho passando há quase dois meses. Ela explica que o Rivotril não é o remédio mais indicado para tratar o estado de ansiedade que venho passando e receita outro remédio (Donaren), controlado mas de tarja vermelha, para ir substituindo o Rivotril (usando em conjunto, mas diminuindo o número de gotas). Explica ainda que trata-se de um tratamento longo, de dois a três meses, e que posso fazer o acompanhamento na própria clínica, já que todas as informações estão no meu prontuário. Marco o retorno para o dia 13/01, com a Dra. Gianna. Recomendado o tratamento de psicoterapia como auxiliar neste período. Lembrando que já tenho horário com a Cecília na terça-feira às 17h00.
Compro um livro indicado pela Cecília que fala de crises de pânico, e como vencê-las sem remédios... deve chegar até quinta-feira.
Fui com o Pedro ao Bar Brasília, ele gostou de lá... acabei me sentindo desconfortável uma hora e falei para ele que ele deveria estar sentindo muita falta de POA... ele ficou magoado e disse no carro que no dia em que ele se sente mais à vontade eu o mando de volta para lá... pedi desculpas. Ele tem razão, eu o sabotei (me sabitei) absolutamente. Ele dormiu rapidamente. E decidi usar o Donaren e o Rivotril. Dormi logo.
Sábado (13): Acordei completamente relaxado... um pouco de tontura e uma sensação um pouco lenta. Talvez efeitos da associação entre o Donaren e o Rivotril. Percebi o sono um pouco mais natural, até sonhar consegui. Saí com o Pedro para o Casa Park e achei um livro interessante, chamado Fique de Bem Com Seu Cérebro, fala sobre corpo e mente. Passamos no Extra e senti um sono absurdo, uma vontade de sair correndo para a cama. Ainda fomos ao Ponto Frio do Terraço Shopping para ver se encontrávamos uma mesa para a sala. Também fiquei remoendo idéias do tipo: "será que vai dar certo morar com ele?"
Chegamos em casa, lanchamos e comecei a ler o livro ele fala sobre a questão de utilização de remédios que ajudem a mente. Estou animado a chegar neste capítulo. O sono veio. E pela primeira vez em muitos dias eu dormi mesmo, sem remédio, sem nada, só do lado do Pedro, durante umas duas horas e pouco. Até sonhei (embora tenha sido com a clínica onde fui na sexta). Fiquei feliz. Uma das características do Donaren é não suprimir o sono REM (onde acontecem os sonhos).... ao que parece ele me dará uma qualidade de sono melhor que o Rivotril.... o Pedro está preparando o jantar e vou tomar um banho.... hoje vou tentar encarar a noite sem o Rivotril, contrariando a orientação médica. De repente....