sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Diário do Dia e do Sono 3

Terça (16) - Acabei tomando dois comprimidos de Donaren e fui para a cama. A sessão de terapia com a Cecília foi muito boa e tive também uma conversa com o Pedro após. Ele me disse que não está em condições de decidir nada, que nas últimas semanas o tranco tem sido grande. E que não sabe que impactos a vinda das cachorras terá pra mim, já que tenho estado mal... fui dormir às 23h30... adormeci mais calmo e, às 4 da manhã, acordei sobressaltado, suado. Tomei 4 gotas de Rivotril e deitei, mas não dormi... levantei às 7h30. Cecília disse que, no momento em que eu me sentir forte o suficiente para dormir sem remédios, eu conseguirei. Achei isso muito legal.

Quarta (17) - O clima com o Pedro melhorou. Tanto eu como ele nos sentimos mais ligados um ao outro. À noite, até conseguimos ficar juntos, e aquilo que eu achava que estava errado, não estava. À noite, me senti bastante relaxado. Entretanto, deitei na cama e não consegui dormir. De jeito nenhum. Aí, tive a conduta errada de diluir um pouco de Rivotril na água (5 gotas). Não adiantou, surtei e acabei tomando mais 5 gotas na colher. Não devia ter feito isso, mas acabei apagando. Consegui dormir mas acordei às 5h15 da manhã... quando o Pedro acordou, contei para ele o ocorrido e ele me falou para tentar continuar com o plano de redução do Rivotril. Hoje, vou fortemente tentar seguir isso. Acho que ontem foi uma recaída.

Quinta (18) - Tive um dia me sentindo relativamente normal. Cheguei em casa mais, comecei a arrumar minha mochila. Não consegui ler os livros, mas fiz um lanche com o Pedro, ficamos um pouco na cama e, quando deu umas 22h40, fomos deitar. Tomei mais uma vez dois comprimidos de Donaren... tentei ler um pouco mais acabei pegando no sono... até sonhei, mas não lembro com o quê. Acordei às 2h20 achando que tinha dormido umas 15 horas. Mas aí tive uma conduta diferente: em vez de surtar e sair correndo para pegar o Rivotril, tomei água, fui ao banheiro, deitei na cama e fiquei quietinho, pensando em assuntos aleatórios... nada de medo de não dormir, do que vai acontecer comigo e com o Pedro, nada. Não sei como mas consegui dormir de novo!!! Muito legal. Acordei eram umas 5 e pouco e fazendo a conta deu quase 7 horas de sono, um recorde para as últimas três semanas! Estou começando a ficar mais animado.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Diário do Dia e do Sono

Domingo (14) - Não consegui passar a noite sem o Rivotril, mas ao menos dormi. Demorei, é verdade: fui deitar à 1h30 da madrugada e devo ter dormido às 2h30... acordei às 7... levantei um pouco, fui ler e depois voltei para a cama, um pouco mais relaxado. Fiquei na cama com o Pedro até as 11h00. Fizemos um lanche rapidinho e depois saí para almoçar. Ele ficou em casa. Quando voltei, deu uma canseira e deitei na cama com ele. Acho que dei uma cochilada pois ele disse que eu até ronquei um pouco... fiquei mais relaxado.

Segunda (15) - Ontem iniciei a redução de gotas de Rivotril (foram 5)... tomei um comprimido de Donaren e deitei na cama mais ou menos às 23h00... demorei um pouco a dormir mas adormeci e até sonhei com meu carro. Estou achando os efeitos do Donaren mais amenos que o Rivotril. Amanhã estou com sessão marcada com a Cecília. E tenho que voltar à Comunhão Espírita para falar do tratamento. Hoje serão 5 gotas também e amanhã passo a 4. Acho que meu sono vai começar a voltar.

sábado, 13 de dezembro de 2008

Diário do Dia e do Sono

A partir da crise de 5/12/08:

Sábado (06): vou parar no hospital depois de ter tido uma noite absurdamente alucinante, sem ter conseguido pregar o olho. À tarde, tento dormir e não consigo, acabo surtando. Desesperado, vou ao médico e peço a ele para receitar algo para eu dormir. Resultado: Rivotril, 10 gotas. Tomo 10 gotas diluídas na água. Não adianta. O Pedro me dá 10 gotas na colher. Apago.

Domingo (07): Acordo ás 7h45 da manhã. Completamente aéreo. Um sentimento estranho, um certo estranhamento. Mas ao mesmo tempo sinto um certo alívio na ansiedade. Na hora de dormir, um pouco de tensão. Corro ao Rivotril e tomo 8 gotas. Dá aquela moleza, aquela sensação de "fora do ar" e apago em 15 minutos.

Segunda (08): Acordo umas 5 e pouco da manhã, mas felizmente deu para dormir. Sinto alguns efeitos colaterais (que atribuo ao Rivotril) como descoordenação motora, falta de atenção. À noite estou mais relaxado, tento dormir sem ele mas não consigo: 7 gotas, e novamente para a cama.

Terça (09): Ainda com efeitos colaterais, acordei cedão, algo como seis da manhã. A Cecília me atendeu via skype e comecei a elaborar algumas coisas.... com o Rivotril tendo abaixado a minha ansiedade, me sinto mais em condições de viver a situação atual da mudança do Pedro para cá e como ficarão as coisas.... continuo o tratamento de passes na Comunhão Espírita. Cecília me orienta a procurar outro médico, para orientar o uso do remédio.

Quarta (10): Conversa franca com o Pedro e sobre a nossa situação. Dormindo (mal) por causa do Rivotril. Embora o sono exista, está sendo induzido. Pelo menos estou dormindo um pouco. O clima entre a gente melhora, ele diz que ainda não se sente em casa, não sabe que decisão tomar. Diz que é muita coisa para pensar, já que nas duas semanas embarquei "numa egotrip". Concordei e pedi desculpas. Me senti egoísta. 7 gotas do Rivotril.

Quinta (11): Acordo às 5 da manhã. Me viro, me mexo.... embora mais relaxado, não durmo. Concordo em procurar um neurologista, ou um psiquiatra. Na preparação da Cerimônia do Prêmio estou com a cabeça no Pedro, somente, preocupado com ele. Aliviado com a conversa da quarta, mas preocupado com a possibilidade (medo) de ele não querer ficar. Muito estranho. Saio no meio da cerimônia e vou para casa, ficar com ele. Assistimos um episódio de Pushing Daisies, até dou um cochilo mas não consigo ir para a cama e dormir naturalmente. Mais 7 gotas de Rivotril....

Sexta (12): 4h17 da manhã e estou eu acordado. Fico estressado e coloco mais 3 gotas de Rivotril num pouco de água. Não adianta. Fico em estado relaxado mas não durmo. Aviso o Pedro que vou à Clínica Psiquiátrica que está no plano da Unimed. Chego lá às 8h10. Uma médica que só atende emergências me atende e eu descrevo tudo o que venho passando há quase dois meses. Ela explica que o Rivotril não é o remédio mais indicado para tratar o estado de ansiedade que venho passando e receita outro remédio (Donaren), controlado mas de tarja vermelha, para ir substituindo o Rivotril (usando em conjunto, mas diminuindo o número de gotas). Explica ainda que trata-se de um tratamento longo, de dois a três meses, e que posso fazer o acompanhamento na própria clínica, já que todas as informações estão no meu prontuário. Marco o retorno para o dia 13/01, com a Dra. Gianna. Recomendado o tratamento de psicoterapia como auxiliar neste período. Lembrando que já tenho horário com a Cecília na terça-feira às 17h00.
Compro um livro indicado pela Cecília que fala de crises de pânico, e como vencê-las sem remédios... deve chegar até quinta-feira.

Fui com o Pedro ao Bar Brasília, ele gostou de lá... acabei me sentindo desconfortável uma hora e falei para ele que ele deveria estar sentindo muita falta de POA... ele ficou magoado e disse no carro que no dia em que ele se sente mais à vontade eu o mando de volta para lá... pedi desculpas. Ele tem razão, eu o sabotei (me sabitei) absolutamente. Ele dormiu rapidamente. E decidi usar o Donaren e o Rivotril. Dormi logo.

Sábado (13): Acordei completamente relaxado... um pouco de tontura e uma sensação um pouco lenta. Talvez efeitos da associação entre o Donaren e o Rivotril. Percebi o sono um pouco mais natural, até sonhar consegui. Saí com o Pedro para o Casa Park e achei um livro interessante, chamado Fique de Bem Com Seu Cérebro, fala sobre corpo e mente. Passamos no Extra e senti um sono absurdo, uma vontade de sair correndo para a cama. Ainda fomos ao Ponto Frio do Terraço Shopping para ver se encontrávamos uma mesa para a sala. Também fiquei remoendo idéias do tipo: "será que vai dar certo morar com ele?"
Chegamos em casa, lanchamos e comecei a ler o livro ele fala sobre a questão de utilização de remédios que ajudem a mente. Estou animado a chegar neste capítulo. O sono veio. E pela primeira vez em muitos dias eu dormi mesmo, sem remédio, sem nada, só do lado do Pedro, durante umas duas horas e pouco. Até sonhei (embora tenha sido com a clínica onde fui na sexta). Fiquei feliz. Uma das características do Donaren é não suprimir o sono REM (onde acontecem os sonhos).... ao que parece ele me dará uma qualidade de sono melhor que o Rivotril.... o Pedro está preparando o jantar e vou tomar um banho.... hoje vou tentar encarar a noite sem o Rivotril, contrariando a orientação médica. De repente....

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

A canção tocou na hora errada

A canção tocou na hora errada
E eu que pensei que eu sabia tudo
Mas se é você eu não sei nada
Quando ouvi a canção era madrugada
Eu vi você até senti tua mão
E achei até que me caía bem como uma luva
Mas veio a chuva e ficou tudo tão desigual

A canção tocou no rádio agora hora
Mas você não pôde ouvir por causa do temporal

Mas guardei tuas cartas com letras de forma
Mas já não sei de que forma mesmo você foi embora
Mas já não sei de que forma mesmo você foi embora

A canção tocou na hora errada
Mas não tem nada, não
Eu até lembrei das rosas que dão no inverno
Mas não tem nada, não
Eu até lembrei das rosas que dão no inverso

Mas guardei tuas cartas com letras de forma
Mas já não sei de que forma mesmo você foi embora
Mas já não sei de que forma mesmo você foi embora


(Ana Carolina)

Promessa que não se cumpre

Tenho andado nos últimos tempos assim, prometendo muito e cumprindo nada. Como quando fazemos resoluções de ano novo: entrar em forma, arranjar namorado, melhorar de emprego. Curioso como a distração (ou cara de pau mesmo) pode nos levar pra longe dos nossos planos, dos nossos sonhos. Meio à deriva, me olho no espelho e não consigo enxergar o reflexo. Falta identidade, talvez um pouco de malícia. Na verdade nem sei bem por que escrevo isso. Acho que é solidão. É madrugada, acabou de chover. E ele está em outra cidade. E eu não sei o que sinto exatamente por ele. E ele sabe disso. E ele está se afastando. E eu não sei o que fazer. Talvez deva ir novamente ao espelho, numa tentativa de encontrar resposta. Ou, ao invés de mil disfarces e artifícios, eu deva ser sincero comigo e reconhecer o que há de errado.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Voltando ao Caos: O Amor Pode Dar Certo?

É. Fim de férias, retorno ao trabalho, gente querendo passar a perna, sensação de perda. Um descompasso entre o que sou hoje e o que quero pra mim. Com o espírito cansado, decidi ir ao cinema tentar aliviar a cabeça. Nas ruas da capital federal, rostos preocupados com as novas (absurdas) regras do transporte coletivo, e eu distraído entre mil pensamentos e possibilidades.


Chego ao Terraço Shopping ao fim de quase 1 hora de viagem. No tíquete, "O Amor Pode Dar Certo". Digam o que quiserem, mas a história do filme é linda. O casal (Amanda Peet & Dermot Mulroney) tão lindo quanto. Duas pessoas marcadas pelo tempo (pela ausência deste) e pela pressa em amar. Não a pressa egoísta, aquela preocupada com o cotidiano. Mas uma pressa desesperada, corroída pela imutabilidade de algumas das certezas da vida. Saí da sessão me perguntando se o amor pode dar certo. Honestamente eu não sei mais. Respostas urgem, e não as vejo.

De qualquer jeito, recomendo o filme àqueles que já pensaram em como existe um certo desespero no amor. E, com vocês, um colírio para os olhos, já em seus quarenta e tantos anos (e lindos cabelos grisalhos): Dermot Mulroney.



quinta-feira, 26 de abril de 2007

Quase um Encontro

Impressionante como situações e tempo e pessoas passam por nós e nós às vezes deixamos escapar, ou percebemos tarde demais.

Fui ao Detran hoje cedo resolver uns problemas da minha habilitação (pra variar) e, na volta, decidi ir de ônibus para a Esplanada mesmo... não queria gastar muita grana com táxi, então andei até a EPTG e fiquei no ponto esperando passar o ônibus. Logo veio uma van, o cobrador anunciou o destino e entrei feliz e contente, estava vazia. Acontece que...

Na última fileira da lotação, percebi que tinham me encarado. Na hora não olhei para o rosto das pessoas, e passei a viagem toda sem olhar para trás, na verdade eu nem me toquei que poderia ter acontecido qualquer coisa. Quando chegamos na Rodoviária, depois do Eixo, muitos passageiros desceram e lá veio um cara descer também. Aí eu percebi tudo: me olhou fixamente, eu olhei de volta. Ele parecia ter uns 20 anos no máximo, bem moreno, corpo normal, usava óculos, tinha um jeito simples... achei bem interessante... ele desceu da van e me encarou outra vez, e eu continuei olhando. Como a van estava parada no farol, ele virou a esquina e fiquei na expectativa de ele estar por ali, olhando o movimento do carro. Dito e feito. A van entrou em direção à Esplanada e lá estava ele, me olhando. E fomos embora. Achei uma pena. Se eu tivesse sentado lá atrás, talvez pudesse ter conversado com ele, sentido se realmente estava rolando algo ou se era somente coisa da minha cabeça... mas não era. Até pensei depois que eu podia ter descido também, mas eu estava morrendo de pressa. Fiquei até um pouco contente, esse tipo de coisa é tão raro de acontecer aqui em Brasília! Mas, de qualquer forma, encontros desencontrados são assim - ficam no campo da possibilidade que não se concretiza. Nos olhares cruzados, nos gestos não feitos. Possibilidade cheia de impossibilidade. E a chance de amar escapa dos nossos dedos... entretanto cabe a nós, a quem vive esse tipo de situação, mudar o destino das coisas.

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